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Análise: Juros – o que pensa o Banco Central

Radar: uma análise objetiva sobre os fatos político-econômicos que mais impactam o ambiente de negócios

Esta edição do Radar, produzida pela FecomercioSP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo), analisa a decisão do Conselho de Política Monetária (Copom) do Banco Central (Bacen) de manter a Selic, a taxa básica de juros da economia, em 13,75%. Para a Federação, a decisão foi acertada, pois esta mantém alinhadas as expectativas da autoridade monetária e do mercado.

A Entidade entende que o juro no patamar atual traz um reflexo negativo para o ritmo da atividade econômica, limitando a capacidade de investimento das empresas e de consumo das famílias. Contudo, por outro lado, se o início da redução dos juros não for feito de forma equilibrada e com a análise sólida de que as inflações atual e futura estão convergindo para a meta estabelecida, o efeito sobre os juros será o oposto do desejado — a Selic cairia, mas, diante de uma precipitação e desalinhamento das expectativas, os juros de mercado poderiam seguir o caminho inverso.

Queda futura será lenta

Segundo o economista Antonio Lanzana, copresidente do Conselho de Economia Empresarial e Política da FecomercioSP, o Bacen poderia até encontrar elementos para uma redução, “mas os motivos para a sua manutenção foram mais fortes”. “É muito provável que o processo de queda de juros seja iniciado na reunião de agosto. Mas vale lembrar que a redução será lenta por diversos fatores”, afirma.

Ele ainda destaca os fatores que influenciam a decisão do Bacen. Confira a seguir.

Quais são os fatores que poderiam sugerir uma redução?

1. No fim de maio, a inflação (que está caindo) acumulada de 12 meses atingiu 3,94% — e deve cair ainda mais em junho (a taxas inferiores ao teto da meta de 2023).

2. De acordo com o relatório Focus, as projeções de inflação estão recuando tanto para 2023 como para 2024.

3. A Selic real está em patamar extremamente alto: cerca de 9,5% ao ano (a.a.).

4. O arcabouço fiscal tende a ser aprovado na Câmara, onde será novamente analisado após as alterações feitas na quarta (21/6), no Senado.

Mas por que o mercado não esperava a queda?

1. O Bacen tem uma meta de inflação para 2023 a perseguir: 3,25%, com mais ou menos 1,5% (portanto, teto de 4,75%).

2. A inflação vai voltar a subir quando as deflações do período julho/setembro de 2022 forem retiradas (deflação de 1,3%).

3. O relatório Focus indica que as expectativas de inflação para 2023 (5,12%, segundo a última pesquisa) estão acima do teto da meta.

4. O núcleo de inflação (quando se retiram aumentos e quedas de preços eventuais), embora declinante, ainda está acima do IPCA.

5. Apesar da tendência de aprovação do arcabouço fiscal no Congresso, o efeito não é imediato. Além disso, a política fiscal do governo é expansionista.

6. A fim de não perder credibilidade, o Bacen não pode ceder a pressões políticas para reduzir as taxas de juros.

INFORME EDITORIAL

A FecomercioSP é uma entidade apartidária, sem quaisquer vínculos com governos das três esferas. Dito isso, não é objetivo deste trabalho: convencer, conquistar ou atrair adeptos para qualquer causa; polemizar sobre questões político-ideológicas; ser contra ou a favor de qualquer candidato ou partido político. Portanto, o propósito do RADAR é oferecer uma análise objetiva sobre os fatos político-econômicos que mais impactam o ambiente de negócios.